Quando a corte chegou ao Brasil em 1808 trazendo consigo cerca de 15 mil apaniguados ficou evidente para todas as testemunhas da época, e para os historiadores que hoje tratam do assunto, que a esta colônia cabia o papel de prover dinheiro para bancar o luxo e o bem-estar dos que fossem ligados à corte. Gente que não produziu, que aqui nada deixou e tirou, tirou tudo o que podia. Nunca houve a intenção de utilizar-se a mão de obra de 15 mil pessoas para ajudar, com os conhecimentos europeizados, a se construir um local descente para os que aqui nasceram ou se decidiram transformar o novo mundo em lar. O que ficou foi apenas a lição de que, desde aquela época, o estado tem uma finalidade: servir aos que se apoderaram dele.
Os títulos de barões e viscondes não existem mais, porém ficaram os atores que se trajavam com esses títulos de valor nenhum. Dá para ver eles ainda hoje dando entrevistas nos programas de televisão piauiense. Sim! Piauiense! Pois se tem uma coisa que nós aprendemos na nossa herança portuguesa foi isso: que o estado não tem que atender a absolutamente ninguém além dos que estão no comando dele. É como disse Padilha: o sistema funcionando para resolver os problemas do sistema. A nós cabe apenas a resignação de abrir mão das nossas liberdades individuais para o estado opere na saúde, educação, segurança, iluminação pública etc. Mas nada, além da perda da nossa liberdade individual, existe de fato.
Nós, imprensa piauiense, não adotamos esse caráter libertário. Damos voz aos viscondes e barões. Eles ocupam os espaços das emissoras onde nós trabalhamos para dizerem o que querem e o que querem hoje é falar única e exclusivamente de sucessão. Não querem falar das coisas que deveriam nos dar por abrirmos mão de nossa liberdade individual. Querem apenas garantir que estarão na lista de amigos da corte, não importa quem a componha. E para isso, nos usam!
Você que está em casa não tem como se defender! Os mais incautos chegam a jurar que “marchar com quem no ano que vem”, “ariticulação para lançar o seu nome”, “diálogo com a base”, “fortalecimento da base aliada” é assunto importante e que vai muito além de uma manipulação para manutenção de poder. E o deputado que entende tudo de politicagem de acordo e diálogo não tem idéia do que está sendo votado na câmara onde tem uma vaga.
Engana-se quem pensa que a imprensa se vende. Mas decepciona-se quem descobre que ela nem chega a se vender para falar desse assunto. Alguns repórteres acham que é “cult” tratar do assunto política, mesmo que seja nesses termos. Outros querem participar da discussão porque também imaginam quem assim podem, quem sabe, também ser amigos do rei depois da próxima eleição.
Assim é que é: o sistema cuidando de si mesmo.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
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