domingo, 4 de julho de 2010

Estratégia de guerra

Dizem que os cavaleiros cruzados na Idade Média jamais beijavam a mão do rei antes do combate. A ordem era ir a campo, lutar vencer e depois da vitória, a glória de ir ao palácio receber os cumprimentos do rei. Antes do resultado positivo, não passavam de comuns. Meros soldados que eram tratados como tal.
No Brasil dos nossos dias pratica-se o extemo oposto. Antes da nossa Seleção partir em cruzada para a África, fez-se a festa. Excetuando-se o momento em que Dunga foi constestado na convocação, o resto foi esperança de vitória. Fomos ao Palácio e beijamos a mão do rei antes da viagem. Lula recebeu o time, trocou presentes e afagos muitos antes do derramamento de sangue.
Depois da derrota, nada de festa. Houve a vergonha dos jogadores que demonstraram que não eram dignos das comemorações que antecederam a guerra. Não por terem perdido, mas por terem descido no aeroporto e saído pela porta dos fundos. Essa simplicidade pós-derrota deveria ter sido praticada antes da Copa. Quem sabe assim teríamos uma Seleção mais humilde, mesnos cheia de si e mais guerreira. Essa era a estratégia dos soldados medievais e funcionava!

sábado, 3 de julho de 2010

O Brasil que perdeu

Poderíamos ter perdido a Copa do Mundo por causa das sandices de Felipe Melo. Achei que seríamos derrubados pela fragilidade do desconhecido Michel Bastos ou pelos rompantes de “kaiser” de Lúcio. Achei que o hexa seria interrompido, quem sabe, por uma mexida ruim de Dunga que nunca foi técnico antes. Mas infelizmente caros e raros leitores, perdemos pelos motivos que jamais imaginamos. O Brasil perdeu para o próprio Brasil.
O inimigo estava dentro do corpo de cada jogador. O medo de estar atrás no placar, os indícios de que poderíamos perder a vaga depois do gol de empate fizeram o Brasil afinar. Houve descontrole, descompasso. Depois que Felipe Melo e Júlio César relembraram a fase de juvenil do Flamengo no cruzamento de Sneijder vimos os demais jogadores fazerem tudo aquilo que jamais pensamos que fizessem: Juan jogou uma bola fácil para escanteio que resultou no segundo gol, Kaká errou o resto de passes que deu, o futebol alegre de Robinho foi substituído pela ira contra Robben, Kaká xingou e Felipe Melo, o único que fez o que se esperava, era a imagem refletida de um time sem concentração e frieza de pretensos campeões mundiais.
Dunga também foi afetado pelo nervosismo, mas a essa altura a vaca holandesa já tinha mandado a nossa para o brejo. Sem saber o que fazer, trocou Luís Fabiano por Nilmar. A alteração estéreo não mudou em nada o quadro patético. Perdemos!
Os holandeses no ensinaram o que faz a diferença em jogo de Copa. Com a sua própria lógica, nem sempre pautada pela justiça, a Copa do Mundo cobra dos competidores a incorporação de um espírito. Os jogadores holandeses estavam prontos para tudo e de cara "sentiram" o juiz. Vendo que o japonês não era do ramo, resolveram apitar em seu lugar e funcionou. O oriental deixou da marcar até um penalti no finalzinho de Heitinga sobre kaká. O zagueiro holandês, que não amarra a chuteira de Lúcio, catimbou gritou no ouvido dos brasileiros. Heitinga tirou aos berros a moral dos atacantes canarinhos.
Quem entra na luta tem que aprender a bater, mas também apanhar. O Brasil não soube e ao primeiro soco, sucumbiu. É como se a Seleção fosse um pugilista com medo de ver seu rosto cortado e daí em diante tivesse medo de continuar brigando. Nem de longe foi o time que virou sobre a Argentina na final da Copa América. Nem o time que reagiu diante do placar adverso de dois a zero contra os americanos no ano passado na final da Copa das Confederações. Foi um outro Brasil que nós não reconhecemos e que por isso mesmo voltou mais cedo. Pelo menos esse alento: o Brasil que perdeu não foi o nosso!